Wednesday, March 28, 2007

Sítio Hidelbrando















O sítio de "Brando" é a casa dos amigos aos domingos. Um lugar onde todos são bem recebidos por ele e por Neide, sua mulher. O sítio costuma receber os músicos da cidade e amigos de luta. Muita música rola por lá e poesia também.
Hidelbrando é companheiro e amigo, pessoa muito querida por todos nós.
O sítio tem ao redor de si muita paz e harmonia que são costuradas pelo colorido das flores e frutos plantados por ele e pela família.
Neste bolg colocarei algumas fotos deste lugar ímpar em todos os seus aspectos.
(em construção, sua colaboração será bem vinda, mande para o e-mail patesanches@gmail.com)

Thursday, February 08, 2007

Flores da Rua






Essas flores foram fotografadas por mim nas ruas de Vitória da Conquista, vou coloca-las uma a uma.
Nesta cidade também é comum o hábito de cortar árvores o que é uma pena, já que no inverno o clima costuma ficar seco e as árvores retém umidade. As árvores deveriam ser preservadas já que é elemento purificador do ar. Vejam o que moradores de Conquista fazem quando as folhas os incomodam.
Lanço mão de um poema então como protesto:

Balada das dez bailarinas do cassino

Dez bailarinas deslizam
por um chão de espelho.
Têm corpos egípcios com placas douradas,
pálpebras azuis e dedos vermelhos.
Levantam véus brancos, de ingênuos aromas,
e dobram amarelos joelhos.


Andam as dez bailarinas
sem voz, em redor das mesas.
Há mãos sobre facas, dentes sobre flores
e com os charutos toldam as luzes acesas.
Entre a música e a dança escorre
uma sedosa escada de vileza.


As dez bailarinas avançam
como gafanhotos perdidos.
Avançam, recuam, na sala compacta,
empurrando olhares e arranhando o ruído.
Tão nuas se sentem que já vão cobertas
de imaginários, chorosos vestidos.


A dez bailarinas escondem
nos cílios verdes as pupilas.
Em seus quadris fosforescentes,
passa uma faixa de morte tranqüila.
Como quem leva para a terra um filho morto,
levam seu próprio corpo, que baila e cintila.


Os homens gordos olham com um tédio enorme
as dez bailarinas tão frias.
Pobres serpentes sem luxúria,
que são crianças, durante o dia.
Dez anjos anêmicos, de axilas profundas,
embalsamados de melancolia.


Vão perpassando como dez múmias,
as bailarinas fatigadas.
Ramo de nardos inclinando flores
azuis, brancas, verdes, douradas.
Dez mães chorariam, se vissem
as bailarinas de mãos dadas.
Cecília Meireles

(in Mar Absoluto e outros poemas: Retrato Natural. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983.)

Saturday, December 09, 2006

Outras Palavras



Outras Palavras Caetano Veloso
Nada dessa cica de palavra triste em mim na boca
Travo, trava mãe e papai, alma buena, dicha louca
Neca desse sono de nunca jamais nem never more
Sim, dizer que sim pra Cilu, pra Dedé, pra Dadi e Dó
Crista do desejo o destino deslinda-se em beleza:
Outras palavras

Tudo seu azul, tudo céu, tudo azul e furta-cor
Tudo meu amor, tudo mel, tudo amor e ouro e sol
Na televisão, na palavra, no átimo, no chão
Quero essa mulher solamente pra mim, mais, muito mais
Rima, pra que faz tanto, mas tudo dor, amor e gozo:
Outras palavras

Nem vem que não tem, vem que tem coração, tamanho
trem
Como na palavra, palavra, a palavra estou em mim
E fora de mim
quando você parece que não dá
Você diz que diz em silêncio o que eu não desejo
ouvir
Tem me feito muito infeliz mas agora minha filha:
Outras palavras

Quase João, Gil, Ben, muito bem mas barroco como eu
Cérebro, máquina, palavras, sentidos, corações
Hiperestesia, Buarque, voilá, tu sais de cor
Tinjo-me romântico mas sou vadio computador
Só que sofri tanto que grita porém daqui pra a
frente:
Outras palavras

Parafins, gatins, alphaluz, sexonhei da guerrapaz
Ouraxé, palávoras, driz, okê, cris, espacial
Projeitinho, imanso, ciumortevida, vivavid
Lambetelho, frúturo, orgasmaravalha-me Logun
Homenina nel paraís de felicidadania:
Outras palavras


TatuagemChico Buarque - Ruy Guerra
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava

Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço

Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva

Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes



INSENSATO CORAÇÃO

Quisera ver o limite
dessa dor que se permite
tanto assim me maltratar.

Quisera ter seu tamanho,
para sem perda nem ganho,
simplesmente, suportar.

Coração, vê se agüenta!
Não desespera. A tormenta
qualquer hora vai passar.

Afinal sê como a lua
que abandonada e nua
põe o sol no seu lugar.

Se tudo no firmamento
tem o tempo do momento,
coração, pra que chorar?

Chega de tanta aflição.
Dorme um pouco, coração.
Vê se consegue sonhar!

Kátia Drummond
Sintra, Portugal

Monday, November 13, 2006

Doutoras




Como sei que Doutor ou Doutora é um título que todos gostam de ostentar, achei a história interessante para refletirmos sobre isso.
DOUTORAS
Certo dia, uma mulher chamada Anne foi renovar a sua carteira de motorista.Quando lhe perguntaram qual era a sua profissão, ela hesitou. Não sabia bem como se classificar.O funcionário insistiu: "o que eu pergunto é se tem um trabalho.""Claro que tenho um trabalho", exclamou Anne. "Sou mãe.""Nós não consideramos isso um trabalho. Vou colocar dona de casa", disse o funcionário friamente.Uma amiga sua, chamada Marta soube do ocorrido e ficou pensando a respeito por algum tempo.Num determinado dia, ela se encontrou numa situação idêntica. A pessoa que a atendeu era uma funcionária de carreira, segura, eficiente.O formulário parecia enorme, interminável.A primeira pergunta foi: "qual é a sua ocupação?"Marta pensou um pouco e sem saber bem como, respondeu:"Sou doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas."A funcionária fez uma pausa e Marta precisou repetir pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas.Depois de ter anotado tudo, a jovem ousou indagar;"Posso perguntar, o que é que a senhora faz exatamente?"Sem qualquer traço de agitação na voz, com muita calma, Marta explicou: "Desenvolvo um programa à longo prazo, dentro e fora de casa."Pensando na sua família, ela continuou: "sou responsável por uma equipe e já recebi quatro projetos. Trabalho em regime de dedicação exclusiva. O grau de exigência é de 14 horas por dia, às vezes até 24 horas."À medida que ia descrevendo suas responsabilidades, Marta notou o crescente tom de respeito na voz da funcionária, que preencheu todo o formulário com os dados fornecidos..Quando voltou para casa, Marta foi recebida por sua equipe: uma menina com 13 anos, outra com 7 e outra com 3.Subindo ao andar de cima da casa, ela pôde ouvir o seu mais novo projeto, um bebê de seis meses, testando uma nova tonalidade de voz.Feliz, Marta tomou o bebê nos braços e pensou na glória da maternidade, com suas multiplicadas responsabilidades. E horas intermináveis de dedicação."Mãe, onde está meu sapato? Mãe, me ajuda a fazer a lição? Mãe, o bebê não pára de chorar. Mãe, você me busca na escola? Mãe, você vai assistir a minha dança? Mãe, você compra? Mãe..."Sentada na cama, Marta pensou: "se ela era doutora em desenvolvimento infantil e em relações humanas, o que seriam as avós?"E logo descobriu um título para elas: doutoras-sênior em desenvolvimento infantil e em relações humanas.As bisavós, doutoras executivas sênior.As tias, doutoras-assistentes.E todas as mulheres, mães, esposas, amigas e companheiras: doutoras na arte de fazer a vida melhor.No mundo em que os títulos são importantes, em que se exige sempre maior especialização, na área profissional, torne-se especialista na arte de amar.Como excelente mestra, ensine seus filhos, através do seu exemplo, a insuperável arte de expressar sentimentos.Ensine a difícil arte de interpretação de choro de bebê e de secar lágrimas de adolescente.Exemplifique a renúncia, a paciência e a diplomacia. E colha, vitoriosa, ao final de cada dia, os louros do seu esforço nos abraços dos seus filhos e na espontaneidade de suas manifestações de afeto.(D.A.)

Sutra Sanyuktaratnapitaka


Sutra Sanyuktaratnapitaka
Um homem que vivia perto de um cemitério, uma noite, ouviu uma voz que o chamava de uma sepultura. Sendo covarde demais para, sozinho, investigar o que se passava, confiou o ocorrido a um corajoso amigo que, após estudar o local de onde saíra a voz, resolveu vir, à noite, para ver o que aconteceria.Anoiteceu. Enquanto o covarde tremulava de medo, seu amigo foi ao cemitério e ouviu a mesma voz saindo de uma sepultura. O amigo perguntou à voz quem era e o que desejava. A voz, vinda de baixo, respondeu : "Sou um tesouro oculto e decidi dar-me a alguém. Eu me ofereci a um homem ontem à noite, mas ele era tão medroso que não veio me buscar; por isso dou-me a você que é merecedor. Amanhã de manhã, irei à sua casa com meus sete seguidores."O homem corajoso disse : "Estarei esperando por vocês, mas, por favor, diga-me como devo tratá-los." A voz replicou : "Iremos vestidos de monge. Tenha uma sala pronta para nós, com água; lave o seu corpo, limpe a sala e tenha oito cadeiras e oito tigelas de sopa para nós. Após a refeição, você deverá conduzir a cada um de nós a um quarto fechado, no qual nos transformaremos em potes cheios de ouro."Na manhã seguinte, o homem lavou o corpo e limpou a sala, como lhe fora ordenado, e ficou à espera dos oito monges. À hora aprazada, eles apareceram, sendo cortesmente recebidos pelo homem. Depois que tomaram a sopa, ele os conduziu um por um ao quarto fechado, onde cada monge se transformou em um pote cheio de ouro.Um homem muito ganancioso que vivia naquela mesma aldeia, ao tomar conhecimento do incidente, desejou ter os potes de ouro. Para tanto, convidou oito monges para virem até sua casa. Depois que eles tomaram a refeição, o ganancioso, esperando obter o almejado tesouro, conduziu-os a um quarto fechado. Entretanto, ao invés de se transformarem em potes de ouro, os monges se enfureceram e denunciaram o ganancioso à polícia que o prendeu.Quanto ao covarde, quando ouviu que a voz da sepultura havia trazido riqueza ao seu corajoso amigo, foi até a casa dele e avidamente lhe pediu o ouro, insistindo que era seu, porque a voz foi dirigida primeiramente a ele. Quando o medroso tentou pegar os potes, neles encontrou apenas cobras, erguendo as cabeças prontas para atacá-lo.O rei, tomando conhecimento desse fato, determinou que os potes pertenciam ao homem corajoso, e proferiu a seguinte observação : "Assim se passa com tudo neste mundo. Os tolos cobiçam apenas os bons resultados, mas são covardes demais para procurá-los, e por isso, estão continuamente falhando. Não têm fé, nem coragem para enfrentar as intestinas lutas da mente, com as quais, exclusivamente, pode-se atingir a verdadeira paz e harmonia

Poemas Perdidos


Amor
Amor é o que nos anima
É aquilo que nos move
É tudo que nos absorve
É império de todos os sentidos
O amor é justo
São...
Mas completamente abestalhado,
Quando corre na rua
Quando passeia pela curva nua
Quando diz bem de mansinho...
Tô na tua!
Patrícia Sanches





PESAR
Meu corpo anda torpe
Como se nele faltasse a vida.
O que me move por dentro
É o constante pensar em você.
Do fundo da alma?
Sabe-se lá quem sou
Um veio de quartzo partido...
Um ser então de mim Banido...
Sou o cuspe das ruas !
Sou o que floresce no mundo...
A dor do tédio,
O desespero da solidão,
O mundo repartido,
O chão...
Aquele que desapareceu
Enquanto eu caminhava em sua DIREÇÃO !
Patrícia Sanches

ARDIL
Quem tem o Dom de me fazer feliz?
Pra onde vou?
Entre avenidas suburbanas
No meio dos homens que vendem Bananas...
Sou a metade de tudo
Aquilo que é mais confuso...
O perdão nunca me ataca...
A dor é corte, é FACA
A façanha de ser comum?
Não tenho!
Subtraio o que não me faz bem
Submeto a meta ao meio
Transformo tudo o que não veio
Em realidade absoluta
Uma parte que parte de mim
É aquela que me busca por inteiro
As minhas insanidades são assim...
Meros devaneios!
Patrícia Sanches

HOMEM VELHO

Hoje eu sorri...
Ganhei um espaço no rosto
Pra não ganhar dois pés de galinha.
O mundo tem cheiro redondo,
E isso me fez acreditar que ainda é possível transbordar de emoção.
Creio que os rostos enrugados que só eu vejo agora
Murcharam porque deixaram de acreditar no sorriso...
Aquele que transparece é o sorriso sincero que povoa o meu rosto enquanto faço esse poema.
Uma homenagem ao HOMEM VELHO que há dentro de nós.
Patrícia Sanches

Gula
Poeme-se em mim
Seu miserável gostoso
Ei de comer-te até as calosidades
Ei de lamber-te até a última gota
Não deixarei nada
Sambarei em tua alma como rainha de bateria
Engolirei todas as sua amarras
Te obrigarei a arrastar-se até a Penha
Venha, venha
Tirar toda a minha
Paz
Eu deixo, eu deixo...
Seu miserável gostoso.

Prima Vera
A prima Vera pousou sobre mim
Fez-me pensar sobre todas as coisas que me cercam
De todas a mais bonita flor é você
De Vera...
Acredite
Sementes são assim mesmo
Rompem o solo
E surgem na mata aberta ao sol
Ladeiam os vales
Encobrem os montes e sinalizam
Amém
P.S.

Cecília Meireles



Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coraçãoque nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:— Em que espelho ficou perdidaa minha face?
De um lado cantava o sol De um lado cantava o sol,do outro, suspirava a lua.No meio, brilhava a tuaface de ouro, girassol!
Ó montanha da saudadea que por acaso vim:outrora, foste um jardim,e és, agora, eternidade!De longe, recordo a corda grande manhã perdida.
Morrem nos mares da vidatodos os rios do amor?
Ai! celebro-te em meu peito,em meu coração de sal,
Ó flor sobrenatural,grande girassol perfeito!
Acabou-se-me o jardim!
Só me resta, do passado,este relógio douradoque ainda esperava por mim . . .

O mosquito escreve
O Mosquito pernilongotrança as pernas,
faz um M,depois, treme, treme, treme,faz um
O bastante oblongo,faz um S.
O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,faz um Q,faz um U e faz um I.
Esse mosquitoesquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí, se arredonda e faz outro O,mais bonito.
Oh!já não é analfabeto,esse inseto,pois sabe escrever o seu nome.
Mas depois vai procuraralguém que possa picar,pois escrever cansa,não é, criança?
E ele está com muita fome. (Cecília Meileles in “Ou isto ou aquilo”)

O canteiro está molhado
O canteiro está molhado.
Trarei flores do canteiro,
Para cobrir o teu sono.
Dorme, dorme, a chuva desce,
Molha as flores do canteiro.
Noite molhada de chuva,
Sem vento, nem ventania,
Noite de mar e lembranças...

Pássaro
Aquilo que ontem cantava já não canta.
Morreu de uma flor na boca:não do espinho na garganta.
Ele amava a água sem sede,e, em verdade,tendo asas, fitava o tempo,livre de necessidade. Não foi desejo ou imprudência:não foi nada.
E o dia toca em silêncioa desventura causada.
Se acaso isso é desventura:ir-se a vidasobre uma rosa tão bela,por uma tênue ferida.